ZEZÉ MOTTA

Atores, Cantores, Faixa 70 anos, Negros

Há quem se lembre de Zezé Motta apenas como atriz – difícil mesmo dissociar sua figura da bela e sedutora Xica da Silva -, mas essa é apenas uma das facetas da artista de 77 anos, tendo mais de 50 deles dedicados à cultura no Brasil.
Filha de um músico de mão cheia, logo cedo se interessou por teatro. Fez um curso no Tablado e encenou sua primeira peça profissional aos 21 anos. A estreia de Maria José Mota não poderia ser mais marcante: Em janeiro de 1968, ela integrou o coro do musical “Roda Viva”, escrito por Chico Buarque e dirigido por José Celso Martinez Correia. Um dos mais emblemáticos espetáculos dos anos 60, que foi atacado pelo Comando de Caça aos Comunistas e teve seus atores ameaçados e agredidos.
Surgia ali uma trajetória de sucesso que a levaria para aos melhores palcos, aos melhores filmes criados por aqui, e aos cantos escondidos dessa terra através da televisão.
Com o Teatro de Arena, nos anos 60, encenou o clássico “Arena Conta Zumbi”, de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, com tournée pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina. Fez também outras peças, incluindo “Godspell”, em 1974.
As histórias de Zezé Motta – nome artístico que foi dado por sua comadre Marília Pera -, impressionam, ora pela carga de normalidade ora pelo quê de inusitado. Pois Zezé é assim: uma diva espontânea, complexamente simples, iluminada pela própria natureza e não por artifícios exteriores.

O início das filmagens de Xica da Silva já estava se aproximando, mas o cineasta Cacá Diegues ainda havia encontrado sua protagonista. A agonia terminou quando o amigo Nelson Motta o lembrou de uma atriz que participava do musical “Godspell”. Zezé Motta reunia a beleza, a energia e o carisma necessários para viver a mulher que seduziu o contratador de diamantes João Fernandes (Walmor Chagas) e subverteu a ordem do regime escravocrata. Xica da Silva (1976) não apenas consolidou Zezé Motta como uma estrela como também criou uma das personagens mais emblemáticas do cinema nacional.

A atriz que já recebeu o Troféu Oscarito – destinado a grandes atores do cinema brasileiro -, por sua majestosa atuação como Xica da Silva, foi também homenageada e entrou para a memória do Museu do Festival de Cinema de Gramado (RS), através de uma estátua de cera. A estátua foi feita nos mesmos moldes das Estátuas produzidas para o DREAMLAND – primeiro museu de cera da América Latina. Em sua trajetória constam quase todos os prêmios: Air France, Candango de Ouro, Mario Gusmão, Palmares, Troféu Raça Negra, entre muitos outros… Maria José Mota, a Zezé Motta nas artes, também já́ esteve como a grande homenageada de importantes festivais deste Brasil: Festival de Brasília, Vitória, Ouro Preto, e por aí vai… Dentre as diversas homenagens, a mais recente ocorreu e, 2019, Zezé Motta foi a homenageada do Grande Otelo (oficialmente chamado de Grande Prêmio do Cinema Brasileiro), o prêmio mais importante do cinema brasileiro, outorgado anualmente pela Academia Brasileira de Cinema com a finalidade de premiar os melhores filmes e condecorar a excelência dos melhores profissionais em cada uma das diversas especialidades do setor. De festivais de cinema de grande a pequeno porte, Zezé sempre esteve lá, sendo reconhecida.

O nome Zezé Motta já foi ovacionado por algumas vezes na Marques de Sapucaí, no carnaval do Rio de Janeiro. A atriz e cantora já teve a honra de ser homenageada como enredo de escolas de samba – Arrastão de Cascadura (1989), Unidos da Vila Kennedy (2002), G.R.E.S. Acadêmicos do Sossego (2017), além de ser uma das homenageadas no enredo “As Quatro Damas Negras”, ao lado de Ruth de Souza, Lea Garcia, e Chica Xavier, pela Lins Imperial no ano de 1999.
Sob a direção de Cacá Diegues, além de Xica a Silva, participou de outros quatro filmes: Quilombo (1984), Dias Melhores Virão (1990), Tieta (1996) e Orfeu (1999). Além de Diegues, Hugo Carvana (Vai Trabalhar, Vagabundo!, 1973), Arnaldo Jabor (Tudo Bem, 1978), Nelson Pereira dos Santos (Jubiabá, 1986), Paulo César Saraceni (Natal da Portela, 1988), Sérgio Bianchi (Cronicamente Inviável, 2000, e Quanto Vale ou É por Quilo?, 2005), Paulo Caldas (Deserto Feliz, 2007) e Jeferson De (Bróder, 2010), foram alguns dos cineastas pelos quais foi dirigida nos mais de 55 longas em que atuou. Na televisão, participou de cerca de 50 programas, entre minisséries, telefilmes e novelas, desde sua estreia em Beto Rockefeller (1968) até as mais recentes O Outro Lado do Paraíso (2018), onde deu vida ao personagem “Mãe Quilombo”, abordando no horário nobre a intolerância religiosa e mostrando sua militância em favor dos negros no nosso país. Zezé também esteve em ‘Juntos a Magia Acontece’ (2019) e Salve-se Quem Puder, onde fez uma participação em (2020).
Ícone negro da cultura brasileira, Zezé Motta é considerada a rainha negra do Brasil. A mulher da pele preta que enfrentou a ditadura desse país livre e nua. É uma atriz de dar orgulho. Mas tem uma coisa que Zezé Motta faz ainda melhor: cantar.
Sua voz poderosa ecoa na história da música brasileira há muito tempo desde os antigos anos setenta, quando Zezé gravou seu primeiro disco solo em que compositores do porte de Rita Lee e Moraes Moreira entregaram canções inéditas para ela gravar. Além disso, sua voz imortalizou clássicos como Trocando em Miúdos de Chico Buarque e Francis Hime e Pecado Original de Caetano Veloso que nunca mais foram as mesmas depois de sua interpretação.

De 1975 a 79, lançou três LP’s: “Gerson Conrad e Zezé Motta”; “Zezé Motta” e “Negritude”. Nos anos 80, lançou mais três trabalhos como cantora: “Dengo”, “Frágil força” e, com Paulo Moura, Djalma Correia e Jorge Degas, “Quarteto negro”. E não parou por aí. Apresentou-se, representando o Brasil, a convite do Itamaraty, em Hannover (Alemanha), no Carnegie Hall de Nova York (EUA), França, Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal.
Seja no cinema ou na TV, durante seus 55 anos de carreira, Zezé rompe barreiras e coloca no centro da cena artística nacional as múltiplas dimensões do protagonismo feminino e negro em tela. O seu imenso talento e carreira inspiram atuais e futuras gerações de mulheres que lutam por expressão, espaço e oportunidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

Firmada no cenário artístico como umas das atrizes mais completas, talentosas e carismáticas do Brasil, Zezé ganhou em Janeiro de 2019 uma segunda biografia, “Zezé Motta – Um Canto de Luta e Resistência”, livro que saiu pela Companhia Editora Nacional, escrito por Cacau Hygino, que fugiu de polêmicas, mas não escondeu episódios marcantes da vida pessoal e profissional da grande artista. Nele, a própria atriz e cantora conta como encara a velhice, o sexo, o racismo, entre temas como vacilos da vida e manias. Quase 90 fotos ilustram as cinco décadas de trajetória profissional marcadas desde o início pela resistência e perseverança.

 

Figura respeitada da música, televisão e cinema, Zezé é incansável. Atualmente ela tem 4 filmes para terminar de rodar e foi escalada para 02 novos projetos na TV Globo: “Fim”, série baseada no livro homônimo de Fernanda Torres, e “Arcanjo Renegado”, uma das mais assistidas do Globoplay. Na obra, a atriz interpretará a reitora de uma universidade da Baixada Fluminense. Sob o comando de José Junior, a segunda temporada da série ainda contará com nomes como Rodrigo França e Cris Vianna.

 

Zezé acabou de estrear o filme “M-8 QUANDO A MORRE SOCORRE A VIDA”, do diretor Jeferson De. Nos cinemas e também no streaming (está no Netflix). O filme é uma denúncia ao racismo estrutural e foi aclamado pelo público e crítica.

Na música, ela reestreou o show “Coração Vagabundo – Zezé canta Caetano” e já possui apresentações confirmadas no Rio de Janeiro e São Paulo para o final de 2021. Originalmente lançado em 1990, o show é um alento àqueles que consomem MPB, as obras de Caetano, e o poderoso timbre contralto de uma artista que é ícone negro da cultura brasileira. Zezé Motta faz uma releitura de seu próprio show lançado naquela época, mas com uma roupagem voz e piano, criando um cenário intimista e ao mesmo tempo caloroso. Luz do Sol, O Ciúme, Odara, Esse Cara, Sampa e Tigresa fazem parte do repertório.

 

Em junho deste ano ela estará no cinema, no filme “4×100 – Correndo Por um Sonho”, do diretor Tomas Portella. A trama foi filmada antes da pandemia e traz a atriz Thalita Carauta como protagonista, fala sobre uma derrota no mundial de revezamento 4×100 marcar para sempre as vidas das atletas.

Outro projeto de Zezé no cinema que já possui data de estreia marcada é o filme Doutor Gama, dirigida por Jeferson De, a produção é uma biografia de Gama, advogado, jornalista e escritor considerado herói nacional por seu ativismo abolicionista no século 19.

Atuando com assiduidade na televisão, no cinema e nos shows, e saudada como a mais importante atriz-cantora do país, Zezé Motta durante seus mais de 50 anos de carreira, rompe barreiras e coloca no centro da cena artística nacional as múltiplas dimensões do protagonismo feminino e negro em tela. O seu imenso talento e carreira inspiram atuais e futuras gerações de mulheres que lutam por expressão, espaço e oportunidade.

 

Cantora, atriz, mãe de quatro filhos, ativista. Cinquenta e quatro anos de carreira. São 14 discos, 35 novelas e mais de 55 filmes. Impossível não se orgulhar. Não apenas pelos números. Mas também por sua história de luta contra o racismo. Esta é Zezé Motta.

Currículo

Televisão
2017 – O Outro Lado do Paraíso – TV Globo
2017 – Ouro Verde – TVI
2016 – Escrava Mãe (Tia Joaquina)
2014 – Boogie Oogie (Sebastiana)
2014 – AGrande Família (Elaine)
2013 – Copa Hotel (Adele)
2011 – Rebelde (Dalva Alves – Dadá)
2009 – Cinquentinha (Janaína – Naná)
2006 – Sinhá Moça (Virgínia – Bá)
2005 – Floribella (Titina)
2004 – Metamorphoses (Prazeres da Anunciação)
2002 – O Beijo dos Milagres (Nadir)
2001 – Porto dos Milagres (Ricardina)
2000 – Esplendor (Irene)
2000 – Almeida Garrett (Rosa Lima)
1999 – Chiquinha Gonzaga (Conceição)
1998 – Corpo Dourado (Liana)
1996 – Xica da Silva (Maria da Silva)
1995 – A Próxima Vítima (Fátima Noronha)
1994 – Memorial de Maria Moura (Rubina)
1992 – Você Decide
1990 – mãe de Santo (Iaiorixá)
1989 – Kananga do Japão (Lulu Kelly)
1989 – Pacto de Sangue (Maria)
1987 – Helena (Malvina)
1984 – Corpo a Corpo (Sônia Nascimento Rangel)
1984 – Transas e Caretas (Dorinha)
1978 – Ciranda, Cirandinha
1976 – Duas Vidas (Jandira)
1974 – Supermanoela (Doralice)
1972 – A Patota
1968 – Beto Rckfeller (Zezé)

– Minisséries
3% – Netflix
Sob Pressão – TV Globo
Mãe de Santo – Rede Manchete
Memorial de Maria Moura – Rede Globo

Cinema
2014 – O Lucro Acima de Tudo
2014 – Irmã Dulce
2012 – Gonzaga – De Pai pra Filho
2010 – Bom Dia, Eternidade
2010 – Bróder
2009 – Xuxa em O Mistério de Feiurinha Jerusa
2007 – Deserto Feliz Dona Vaga
2006 – A Ilha dos Escravos
2006 – Kinshasa Palace
2006 – Cobrador: In God We Trust
2006 – O Amigo Invisível
2005 – Quanto Vale Ou É Por Quilo?
2004 – Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida
2003 – Xuxa e os Duendes 2 – No Caminho das Fadas
2003 – Quanto Vale ou é por Quilo?
2003 – Carolina
2000 – Orfeu – Direção: Cacá Diegues
1997 – O Testamento do Sr. Nepomuceno
1985 – Jubiabá
1984 – Quilombo – Direção: Cacá Diegues
1979 – Cordão de Ouro
1976 – Xica da Silva – Direção: Cacá Diegues
1975 – A Força de Xangô
1969 – Em cada Coração, um Punhal
1969 – Cléo e Daniel
Vai Trabalhar, Vagabundo;
Rainha Diaba
Tudo Bem – Direção: Arnaldo Jabor
Águia na Cabeça;
Anjos da Noite
Sonhos de Menina Moça
Natal da Portela
Prisioneiro do Rio
El Mestiço
Dias Melhores Virão – Direção: Cacá Diegues
Alva Paixão
Cruz e Souza, o Poeta do Desterro
Tieta – Direção: Cacá Diegues
Cronicamente Inviável
O Moleque
Bom dia, Eternidade
O Cobrador
Deserto Infeliz

Teatro
1999 – Abre Alas, de Maria Adelaide Amaral
1974 – Godspell
1972 – Orfeu negro
1969 – A vida escrachada de Joana Martine e Baby Stompanato
1967 – Roda-viva, de Chico Buarque – Direção: José Celso Martinez Corrêa
Fígaro, Fígaro
Arena conta Zumbi

Música
A carreira de cantora começou em 1971, como crooner nas casas noturnas Balacobaco e Telecoteco, ambas em São Paulo

– Discos
2018 – O Samba Mandou Me Chamar
2011 – Negra Melodia
2001 – E-Collection Sucessos + Raridades 2 CDS
1995 – Chave dos segredos
1987 – Quarteto Negro, com Paulo Moura, Djalma Correia e Jorge Degas
1985 – Frágil força
1980 – Dengo
1979 – Negritude
1978 – Zezé Motta
1975 – Gerson Conrad e Zezé Motta
Zezé Canta Melodia
Divina Saudade – homenagem a Elizeth Cardoso
O Samba Mandou Me Chamar