Divina Saudade

Divina Saudade

Considerada a Primeira Dama da nossa Música Popular, podemos dizer que Elizeth Cardoso é uma grande personagem. Pioneira da Bossa Nova, primeira cantora popular a interpretar Villa-Lobos, no Teatro Municipal ou uma das grandes responsáveis de esquecidos sambistas, em plena década de 60, teve o início de sua trajetória exatamente na explosão da música popular, na década de 20, pois tinha ligações, por razões familiares, à comunidade baiana que tanto contribuiu para a consolidação do samba no Rio de Janeiro.
Elizeth começou cantando num dos principais programas da Rádio Guanabara, o Programa Suburbano, ao lado de grandes nomes, como Noel Rosa, Vicente Celestino , Araci de Almeida e Marília Batista. Seu cantar, agradou tanto Noel Rosa, que o mesmo tirou seu violão da caixa e ensinou-a cantar, uma das suas últimas produções, o samba Quem Ri Melhor. O que mais impressionava na jovem cantora era seu potencial. Só para se ter uma ídéia, ela interpretava as músicas do repertório de Vicente Celestino , no mesmo tom do cantor .
Elizeth levou seu canto a muitas partes do mundo, como Costa Rica, Guatemala, Estados Unidos, Bolívia, Japão, etc… Em cada lugar que passava, emocionava platéias com sua voz. Sua vida teve muitos fatos curiosos e marcantes, mas seria impossível detalhá-los em poucas palavras.
Às 12h28 do dia 7 maio de 1990, o Brasil perde Elizeth, vítima de um câncer no estômago. O corpo velado no Teatro João Caetano, foi coberto pelas bandeiras do Bola Preta, da Escola de Samba Portela e do Flamengo. A Portela, escola de samba de seu coração, envia-lhe como última homenagem um ritmista para tocar surdo no momento do sepultamento. O fim? Não, pessoas como Elizeth Cardoso jamais chegam ao fi, mas deixam uma saudade, uma DIVINA SAUDADE …..

 

ZEZÉ A DIVINA
Elizeth e Zezé tem muito em comum: São cantoras, são mulheres, negras, brasileiras, ambas mergulharam numa espécie de underground da vida musical carioca, emergiram e venceram num país que ainda o machismo e racismo estão presentes! Não deve ser fácil imaginar as dificuldades enfrentadas! Mas isso me faz lembrar das grandes divas: Bessie Smith, Billy Hollyday, Lenna Horn! Todas divas, Black Divas.
Sempre digo que as estórias sempre se repetem. E olha a estória se repetindo novamente: Zezé canta Elizeth. Uma diva cantando o repertório de outra! E é com enorme prazer que aceitei fazer esse espetáculo! Primeiro Zezé que sou amigo, já fomos colegas de novela e eu tive prazer de dirigí-la no musical Abre Alas, e ficou aquele gostinho de quero mais! Zezé é um ícone! Ela canta com timbre adocicado, e tem olhos felizes , ótima atriz e esta mais do que pronta para encarar essa outra Divina .
Meu espetáculo é sobre isso! Sobre o melhor da música brasileira, sobre o samba, bossa nova, sobre as cantoras do rádio. E principalmente canções! Os compositores, da melhor safra da música popular brasileira.
O primeiro ato o cenário é uma grande cortina francesa dourada , com um microfone anos 50, lembrando os auditórios da Rádio Nacional, Golden Romm, Cassino da Urc, e tantos lugares que perdemos! Todo ato consiste nesse clima de glamour pós guerra, onde as estrelas eram importadas de Hollywood. Os fãs transformavam a vida desses simples mortais em semi-deuses ou deuses. A era da glorificação. Sem os fãs onde estariam as Elizetes, as Emilinhas, Marlenes e mais tantas outras num país sem nenhum apreço as memórias.
O segundo ato o clima muda. Vira teatro. As letras das canções interagem com a cenografia e tudo fica mais dramático e misterioso. Os stantards revisitados pela mão precisa de Menescal e pela força de Zezé, ganham forma e opinião.
Os mais importante disso tudo é que em nenhum momento pretendemos tera arrogância de sermos Elizeth. Ou cair no erro de imitá-la. Apenas queremos cantá-la!
Os figurinos são uma mistura disso tudo! Um pouco da Eliseth ,que aliás era elengatíssima! Um pouco de Billy, um pouco de todas. Os anos 50 foram imperados pelos melhore, um pouco de todas. Os anos 50 foram imperados pelos melhores estilistas do mundo que até hoje ditam moda como Dior, Givanchy, Channel, Yve Saint Laurent enfim… As estrelas de cima eram copiadas e ditavam desde as cores e cortes dos cabelos aos modelos copiados das páginas da revista Cruzeiro. Os portraits autografados com suas fotos eram imitados pôr todas!

O show é isso! Uma humilde e generosa homenagem a nossa Divina, que começou a carreira como Elisete que trabalhava como taxi-girl de dancing e passou maus bocados, mas que superou sem queixas e se transformou na Elizeth (assim mesmo com z e th!), numa das maiores intérpretes brasileiras. É um espetáculo da melhor música popular brasileira, num período de ouro, onde o beco das garrafas era ponto de encontros de artistas e não de traficantes, e principalmente a uma espécie rara que vive para isso: A perpetuação de sua obra! Tem uma frase que eu adoro , de outra diva negra, Ella Fitzgerald, quando perguntada sobre como era a sua vida fora dos palcos; Ella deu uma longa pausa, como se tivesse se perguntando isso pela primeira vez e respondeu com aquele delicioso sorriso: Existe vida fora deles? O meu show é sobre essas mulheres! Elizeth, Zezé, Maysa, Elza, Elis, Ella, Sarah, Billy, Lenna, Nina e tantas outras Divinas!

Charles Moeller

POR QUE ELIZETH?
Eu queria fazer algo novo, um trabalho que fosse um marco na minha carreira de CANTRIZ.
Um dia acordei e vi na minha estante o livro ELIZETH A DIVINA , de Sérgio Cabral, que eu havia lido há um ano atrás. Me lembrei da emoção que foi encontrar com ela, em um show dirigido por Hermínio Bello de Carvalho , em homenagem a Herivelton Martins . Durante o ensaio conversei com Elizeth, e senti total afinidade, além de algumas coincidências, como signo , carisma , etc….
Eu sabia que a Divina tinha feito uma trajetória pautada por um cuidado excepcional, com seu repertório, e que homenageá-la seria assumir a grande responsabilidade de interpretar um time de iluminados da MPB, tais como: Pixinguinha, Cartola, Baden Powell, Haroldo Barbosa, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e outros tantos.
Homenagear essa diva, que muita saudade deixou, acabou virando um grande projeto em minha vida,pois com o show e o CD DIVINA SAUDADE, vou estar também homenageando as grandes divas negras de Jazz nas quais ela se inspirou.

Zezé Motta

AS DIVINAS ZEZÉ E ELIZETH
Não é todo dia que temos a chance, a dádiva, o prazer, de produzir um projeto com duas artistas DIVINAS como, Elizeth Cardoso e Zezé Motta. Pois é, caiu em minhas mãos a oportunidade de gravar um CD com Zezé , homenageando e vivendo nossa eterna Elizeth.
Escolhemos músicas que tiveram importância marcante na vida artística de Elizeth, tais como: Canção de Amor , A Noite do Meu Bem , Chega de Saudade (Gravação importântíssima para Bossa Nova que começava na época), Estrada Branca, Barracão, etc…
Não podíamos virar esse século , sem homenagearmos, essa que foi uma das nossas maiores artistas de todos os tempos.

Roberto Menescal

REPERTÓRIO
TUDO É MAGNÍFICO Haroldo Barbosa – Luiz Reis
PRECE Vadico-Mariano Pinto
NOSSOS MOMENTOS Haroldo Barbosa – Luiz Reis
A NOITE DO MEU BEM Dolores Duran
FEITIO DE ORAÇÃO Noel Rosa – VadicoQ
CONSOLAÇÃO Baden Powell – Vinicius de Moraes
TEM DÓ Baden Powell – Vinícius de Moraes
TRISTEZA Haroldo Lobo – Niltinho
AMOR E A ROSA Pernambuco – Antônio Maria
NOITES CARIOCAS Jacó do Bandolim – Hermínio Bello de Carvalho
LAMENTO Pixinguinha – Vinícius de Moraes
CHEGA DE SAUDADE Antônio Carlos Jobim – Vinicius de Moraes
BARRACÃO Luiz Antônio – Teixeira
SAMBA TRISTE Baden Powell-Billy Blanco
MOLAMBO Jayme Florence – Augusto Mesquita

MUSICO RICARDO MAC CORD – TECLADISTA E MAESTRO

 

Download da música

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